Das coisas de gente adulta

Eu sei que dia a dia tenho me tornado uma super-adulta-rabugenta.

Dados do grau intensificado: notar quando as coisas no seu quarto estão fora do exato lugar, tipo a alça da bolsa vermelha que estava apontada para direita que muda a angulação em 18º e você sem sutileza alguma percebe a drástica mudança... Observar na estante de madeira desgastada, os livros que outrora inspiravam enredos empolgantes e que calmamente encontram-se empoeirados e emparelhados lado-a-lado em tons degrade. Entender a real necessidade de colocar um grande copo com água ao lado da cama [antes de dormir]. Reconhecer o sentimento de incomodo e sussurrar palavras reclamonas, logo ao amanhecer, por causa da luzinha do sol refletindo nas pupilas assim que o dia desperta. Respirar aceleradamente quando insiste em pensar pensamentos pesados antes de dormir, remoídos e guardados na cumbuca de mágoas. Ter pairando sobre suas memórias aqueles desbotados arrependimentos por dedicação a amores que trouxeram em seus enredos desfechos trágicos e chorosos.

[Obviamente] ter dias em que você se sente como se fosse metade, faltando a outra parte sem saber onde foi que perdeu.


E então perceber que você que mudou e que o seu coração está calejado de tentar errado. Você se  vê procurando um cantinho pra se encaixar, um espacinho só seu em-algum-lugar-que-seja. E desaprende a demonstrar saudade e aprende que precisa aprender a aprender a ser só, uma pessoa.

[...]


Ás vezes o meu maior desejo é que tudo voltasse a ser como nunca foi antes. E ás vezes é saber bonito que se sobrou espaço no coração é pra tentar amar melhor, decidir com sabedoria [daqui pra frente] quem é que vai entrar e quem é que tem que sair.