(Guimarãe Rosa)
Sei, com toda transparência das minhas palavras, que os últimos pedaços-de-tempo ao meu lado foram difíceis...
Eu amo você de um jeito diferente: te quero perto sem poder estar perto. Eu: envolta nos cálculos matemáticos afetados pelas histórias que não deram certo... Você: se embasa na literatura otimista com muitas páginas soltas em branco pra escrever histórias com final feliz.
A gente insiste.
São tantas diferenças, sabe? Palavras mal pronunciadas, escutas interrompidas. São tantas igualdades, sabe? O colo no meio da tarde e a mão no rosto amparando as lágrimas, minhas, suas.
A gente teve pressa.
Você chegou, e eu com coração esmigalhado e olhos tristonhos. Você me aceitou com olhos de chuva. "Não se apegue", eu repito pra você todas as tardes [Escuta, eu digo isso pro meu coração escutar].
Te quero bem. Te quero leve [e não com o coração pesado de chumbo], não com a cara amarrada, de sorriso forçado. Quero te ver longe das cicatrizes e com um futuro limpinho, ainda que eu não seja a protagonista desse enredo.
Porque onde quer que a gente vá, quero guardar na minha memória os seus olhos curiosos, alegres, risonhos, seu toque sereno, e o som da sua voz grave me dizendo uma porção de palavras bonitas. Você, que sorri com os olhos mais do que com a boca e que dedilha o violão olhando pro vento.
Pra você, que me lê, e que está longe dos meus tropeços, arranhões e dos sacos cheios de histórias curtidas. Pra você que traz os seus sonhos pra juntar com os meus [que andam mirrados, cansados, procurando um lugar pra morar]. Pra você, que me ensinou com doçura, que com dois limões dá pra fazer uma doce limonada no meio da tarde quente [nessa cidade-de-trânsito-insuportável]. Pra você, que tinha que fazer parte da minha estrada, pra me ensinar o quanto a página mais recente pode ser ainda mais bonita, ainda que seja só uma resenha feita às pressas.
Pra você [o meu amor] e a minha saudade antecipada e necessária.
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