Por aqui não há espaço para um coração limpo. O tempo é nublado, de chuvas, de saudades antecipadas pelo medo. Tempestades, berros, palavrões, impotência. Choro apertado [... ] O esperar pelo "pra sempre" enquanto assisto na poltrona da frente o fim se aproximar, e eu de mãos atadas pelo percurso esperado da vida.
"Existe para sempre, mãe? Sim, existe. E acreditando nisso como uma criança, é esse o tempo em que deseja ficar com ela. Sem hora marcada. Sem despedidas tão dolorosas. Um até logo que não ficasse engasgado na garganta. Um abraço que não arrancasse pedaços. Um tchau que não terminasse em soluços desesperados ao dobrar a primeira esquina. É pedir demais, mãe? Apenas abrir os olhos pela manhã e enxergar os dela. Voz. Cheiros. Lágrimas. Sorrisos. Ver crescer, envelhecer, morrer como tudo e todos morrem. Sempre. [...] Gostaria de ficar mais um pouco com você - é o máximo que as palavras conseguiam dizer. "O sol também vai embora, mãe. Mas ele volta." Sim. Claro que sim. Mas e as noites, tão longas, o que fazer com elas? O que fazer para não duvidar que a escuridão tem fim? Quando crescer, passa? Sara? Responda. Porque já cresci e ainda tenho medo". (Renata Bezerra)
Eu tenho medo das despedidas, sempre tive. Só que dentre todas, essa tem sido a mais dolorosa de todas... feita de saudades, de memórias, de pedaços, ausências minhas por puro medo de (me) doer mais que o meu próprio limite. E todo medo segue na contramão de tudo que aprendi.
Dá pra ver nas suas palavras a dor da perda... que Deus console seu doce coração.
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