A vida, que de tão cheia de surpresas, me deixa infame.]

E de cinco anos pra cá, as mudanças foram muitas.

Do que doía e se foi, a clareza da voz que diz "ainda bem", o me ver no espelho com mudanças progressivas, cabelo branco inicial e (in)sensatez.

A racionalidade. A solidão desacompanhada. Os começos e términos. Os inícios e fins. O mestrado, o retorno aos estudos. As definições na vida profissional. A realização por ser profissional. O carro. As possibilidades. Os afetos- e o contrário. As mágoas, as curas. O perdão, e a falta dele. A evolução dos sonhos. As perdas. Os arrependimentos. Os progressos, os pacientes, os argumentos. Sentir. Os 31. A família, as fragilidades, os perrengues, as alegrias. Da ternura, do apego. Do Davi feito de doçuras. Do Pedro, de uma alegre taquicardia. Dos amigos, das mudanças, da assertividade. Da solidão. Dos choros, dos desamparos.  Do egoísmo, da dedicação, do ser só. Dos julgamentos dos conhecidos, que na realidade, não te conhecem. Dos preconceitos, das limitações, da luta por inclusão. Da sensibilidade. Da beleza escondida. Da necessidade de fazer terapia. Da falta da igreja. Da ausência. Do abrir mão por alguém mais egoísta que você. Do não casar-se, do coração fechado, da alegria da independência, dos segredos. Vedado. Da tristeza, do "e se?", das poesias musicalizadas. Dos projetos, das viagens, das aprendizagens. Da flexibilidade, do errado, do experimentar, dos poucos amigos, das noitadas, da insônia, do engordar. Dos medos, das saudades, do finito, do pra sempre, do que acaba. Das transições intermináveis de ser quem a gente é. Das frustrações, do desamor direcionado a quem você tanto amou. Das listas, das promessas, das desconfianças, do quebrado. Das escolhas, dos erros, das regras, das histórias. Das reconstruções. Do que era pra ser e não foi.  Do que tem que ser, do que a gente faz pra mudar. Do "daqui pra frente".  Das mudanças intermináveis.